quarta-feira, 15 de abril de 2009

"VISAO ESTRATEGICA"

Esta é a realidade, nua e crua, pérfida e transversal, Portugal atravessa a maior crise económica que a democracia conheceu, a memória descritiva reporta aos nossos pais e avós, nunca esta geraçao sentiu o tormento do espectro duma recessao, essa sombria e acutilante entra pelos nossos lares, agora o seu efeito nao mora mais no vizinho do lado, nao afecta sómente aqueles que pela sua riqueza ou pecúlio tenham algo a perder, nao fica sómente no ecran plasmado duma qualquer televisao e ou folha dum qualquer jornal.
A crise que se iniciou nos milhoes ou bi, tornou-se rápidamente na crise dos centavos, a angústia que sentem hoje milhares de familias neste Portugal nao assenta sómente em crises de teor psicológico ou de falta de confiança, assenta essencialmente numa falta de visao estratégica confrangedora, na falta de coragem, na incompetência, na incapacidade, na desregulaçao e disfuncionalidade das nossas instituiçoes mas tambem na falência dos principios e na cedência dos valores.
As pessoas deixaram de ter valor, a visao social e humanista que sempre foi a matriz dos partidos socialistas e social democratas europeus, foi sucessivamente cinzelada pelos interesses de oligogrupos e oligoinstituiçoes cuja visao unilateral assenta no lucro, puro,fácil e rápido. A ambiçao, o interesse e a miopia individualizada, criaram um cocktail que tem apelido "descalabro". A intençao primária de copiar fenómenos importados do outro lado do Oceano, revelou-se catastrófica para as economias cuja debilidade estava encapotada por alguma ilusao ou irrealismo premeditadamente imposto no dia á dia dos cidadaos.
A economia real sente agora os efeitos daquela que era a crise dos outros, que passaria sempre na avenida paralela aquela onde nós viajamos. Erro de pálmatória, Portugal debate-se sem condiçoes para atenuar os efeitos devastadores que as ondas colaterais desta crise provocam no tecido social portugues, o aumento descontrolado do desemprego, a rapida delapidaçao das nossas PME´s, a falta de incentivo ao consumo, a sombra da deflaçao, o sentido persecutório da nossa máquina fiscal, a descredibilizaçao das nossas instituiçoes, a dificuldade de acesso ao crédito quer para empresas quer para particulares, levam-nos em ritmo acelerado para um estado depressivo de incomensurável repercussao.
Gostaria de entrar em minha casa e expressar um sentimento mais optimista, com a sensaçao de contribuir com a minha individualizada porçao de esperança num futuro melhor, mas sériamente penso sim, ser meu dever alertar para os dias dificeis que se avizinham e tentar que esse apelo possa criar uma visao mais altruista, solidária e social com aqueles que já hoje sentem a dificuldade em alimentar as suas familias, fácil será trocar uma casa na Foz por uma outra em Paranhos, mas dramático será, aqueles que tenham de trocar a casa de Paranhos para viver debaixo da Ponte.

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